Este “bife” é feito de CO2 reciclado!
A startup Air Protein, com sede na Califórnia, desenvolveu uma alternativa à carne chamada Air Meat, que é feita com micróbios que transformam dióxido de carbono reciclado em proteína. Descrito como “a carne do amanhã”, o produto replica o sabor e a textura de carne reais, como o bife. A missão deles é a de construir a primeira empresa deste setor com carbono negativo.
Enquanto a carne bovina gera 70 quilos de emissões de gases de efeito estufa para cada quilo produzido, além de causar amplo desmatamento, a fundadora da Air Protein, Lisa Dyson, afirma que sua produção de proteína emite muito menos carbono e não requer terra ou animais.
A Air Protein está entre várias empresas, incluindo a Solar Foods, com sede na Finlândia, que estão produzindo substitutos de carne e laticínios a partir de emissões capturadas em uma tentativa de mitigar o impacto climático da agricultura. O processo para produzir a Air Meat utiliza o CO2 capturado das fábricas e não da atmosfera, mas, no futuro, a empresa planeja usar unidades de captura direta de ar para remover o CO2.
Entretanto, independentemente de onde venha, o carbono contido no bife acaba reentrando na atmosfera depois de ser comido, pois o consumidor o exala como dióxido de carbono através do processo de respiração. Isso significa que a alternativa de carne da Air Protein não reduz diretamente a concentração de CO2 na atmosfera.
Em vez disso, Dyson diz que seu potencial climático está em evitar emissões e uso de recursos em outros lugares: “o incrível do nosso processo é que ele pode ser utilizado praticamente em qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de terra arável”.
Processo de fermentação imita a produção de iogurte
A Air Meat foi desenvolvida usando pesquisas sobre a conversão de dióxido de carbono em alimentos para viagens espaciais que foram conduzidas pela NASA na década de 1960. Eles descobriram, então, que certos micróbios podem converter o dióxido de carbono liberado pelos astronautas em uma proteína quando combinados com água e energia.
A Air Protein faz uso desse mesmo processo em sua fábrica, onde os micróbios são cultivados em biorreatores alimentados por energia solar e eólica, hidrogênio e oxigênio e emissões industriais capturadas. A proteína é então purificada e seca, resultando em uma “farinha”. A empresa compara o processo à fermentação de iogurte, queijo ou cerveja.
“Pense na proteína de soro de leite, um produto da fermentação, – fazemos uma farinha igualmente rica em proteínas, no entanto, em vez de usar leite como insumo, nossos insumos são ar, água e energia renovável”, explica Dyson.
Depois deste processo, ingredientes são adicionados à mistura para torná-la com sabor e sensação de carne bovina tradicional, embora a receita também possa ser adaptada para se assemelhar a frango, porco ou frutos do mar.
De acordo com Dyson, fazer uma alternativa que os carnívoros também gostem é o principal desafio para incentivar a adoção em massa. Atualmente, a empresa está refinando como tornar suas opções semelhantes às carnes tradicionais nas prateleiras dos supermercados. Isso inclui experimentar diferentes óleos e nutrientes para alterar o sabor.
“Temos uma missão na Air Protein de acelerar a transição do mundo para carnes amigas do clima e da floresta tropical e essa missão exige que façamos produtos que os carnívoros adoram. Por essa razão, estamos focados em oferecer sabor, textura e resultados nutricionais que tornarão a escolha ecológica a mais fácil”, afirma a fundadora.
Além disso, ela explica que a carne alternativa resultante tem benefícios adicionais à saúde em comparação com a carne animal: “a substância não tem soja, hormônios, pesticidas, herbicidas ou organismos geneticamente modificados. E ainda contém mais proteína por quilo do que qualquer outra fonte de carne e é rica em vitaminas, minerais e aminoácidos”.
Emissões agrícolas devem crescer 80%
A empresa controladora da Air Protein, Kiverdi, tem mais de 50 patentes concedidas ou pendentes para sua tecnologia e está atualmente trabalhando para aumentar a produção da proteína à base de ar para tornar o produto comercialmente disponível.
O desenvolvimento da Air Meat ocorre à medida que o consumo de carne continua a aumentar. A agricultura e a silvicultura representam cerca de 24% das emissões globais de gases de efeito estufa e prevê-se que cresçam 80% até 2050, à medida que a demanda por carne e laticínios aumenta.
Enquanto isso, um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas de agosto de 2021 concluiu que, embora o dióxido de carbono seja o contribuinte mais importante para o aquecimento global induzido pelo homem, o metano é o próximo mais significativo.
Vacas e outros animais ruminantes são a maior fonte individual de metano, respondendo por cerca de um quarto das emissões. Devido às crescentes preocupações ambientais com a criação de animais em massa e seus efeitos no planeta, mais empresas estão correndo para desenvolver alternativas à carne.
*Via Dezeen
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